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Meus pensamentos avulsos em 20 de janeiro de 2012.

Posted by Arthur on 23:23 in , , , ,
A internet: como explicá-la?

Como é a maneira certa de utilizar essa ferramenta? Como ela deve ser legislada de modo a não desrespeitar leis e convenções que vão desde o recentemente famigerado direito autoral à pedofilia e perseguição de assassinos de yorkshire? Quem deve decidir se o fato da Luiza ter ou não voltado do Canadá é digno de ampla propagação? Até onde um compartilhamento do Facebook pode tirar manifestantes do Occupy Wall Street da cadeia ou fazer o governo paulista retirar as tropas da PM dos campi da USP?

Quando foi que um grupo anônimo e mascarado passou a ter o apoio incondicional da classe média padrão, sempre "tão preocupada" com as questões pertinentes na sua timeline? Nessa enfadonha "3° guerra mundial", de que lado devemos ficar? Qual é o nosso papel nessas batalhas? Devemos ficar nas trincheiras, observando e formando senso crítico apenas? Devemos ir para o campo de batalha? Ou ainda, devemos ser reles munição, bucha de canhão que apoia um grupo de super-heróis virtuais, de vigilantes mascarados, numa alegoria perfeita dos personagens da Marvel ou DC, relida em pleno século XXI?

Eu não trago respostas porque não as tenho. Nem eu, nem você, nem o congresso norte-americano, nem o Carlos Nascimento, nem os artistas contra-usina de Belo Monte, nem o 'cara do Megaupload', nem o Anonymous, nem o Guy Fawkes, nem o 'cara do Wikileaks', nem, é claro, a Luiza que está no Canadá e nem ninguém! Somos todos semelhantes e o que faz alguns de nós termos menos poder do que os outros é a burrice instaurada pelo estado de histeria coletiva cada vez mais presente nas redes sociais, e que alguns sabem controlar muito bem.

Eu entendo que todos tentem o que julgam melhor dentro da sua própria esfera de poder, mas sendo o anarco-socialismo o estado utópico e ideal da sociedade contemporânea, a internet não funciona como um laboratório perfeito para isso? Um ambiente até então, pelo menos, sem líderes, sem censura, onde todos têm relativamente a mesma capacidade de propagação de ideias, onde em tese não precisaríamos de um grupo cracker criminoso para nos defender da própria justiça... Talvez ela sirva para entendermos como essa sociedade funcionaria, de modo que esse estado deixaria de ser tão utópico assim, certo?

Por hora, deixemos os Anonymous trabalharem, deixemos as Luizas irem e virem de onde quer que estejam, deixemos o BBB 12 acontecer e ser discutido, deixemos os memes viralizarem e depois desaparecerem (como todo bom vírus) e utilizemos a internet cada um à nosso própria maneira. Eu, por exemplo, me limito a tentar ver tudo o que acontece resistindo para não comentar nada, assim não entrando numa dessas batalhas sem fim que eu acompanho por aí. Assim, me parece mais seguro. Assim eu não perco a razão.



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Poesia Goiana

Posted by Arthur on 16:08 in , , ,
No pouso plano em plena alvorada
Pra mais além de terras queimadas
O sol, em brasa, arde sem tato
Onde resta um pedaço pouco de mato.

Uma porção de céu e mata rala
De um gentílico de rara fala
Que algum, de certo estava enganado
Achou por bem chamar de cerrado.

'Arvoricas' que guardam abraços
Com parvos e retorcidos braços
Seja para acolher os que de muito voltaram
Ou para receber os que mais longe chegaram

E a recompensa vale a pena
Mesmo a alma sendo pequena
Pois a terra, sem choro nem vela
Cuida logo de engrandecê-la

Com seus Montes Claros, Morrinhos e chapadões
Com as suas praças, de violeiros e aviões
Na relva de 'buritis alegres' e verdejantes
Brotam mil pequizeiros a saudar os viajantes.

Goiás, terra das águas, de Caldas Novas e senis
A corta o Araguaia de peles morenas febris
Velho Goiás de Pirenópolis e Cora
Também das duplas que todo o Brasil adora.

Paranaíba e Anhaguera de ribeirões flamejantes
A Bela Vista que recai em buritizais sussurantes
Interior de sotaques de um povo sofrido e forte
Quilombolas do Tocantins, o irmão mais novo do norte.
Mendonça Teles, Chico Camargo, Tigre da Vila
Serra Dourada feita de pedras e 'Maravilhas'
Rio Verde, Vermelho ou de águas tão cristalinas
De onde bebem Verde da Serra e Dragão das Campinas.

Goiás de noite estrelada, de cavalgadas e arreios
De bandas e Cavalhadas, de 'bicicletas sem freios'
De Flamboyants, Bougainvilles e Ipês de flor amarela
E da santíssima Trindade, de santuário e capelas.

Voltando carente à cidade que é sempre quente
Num dia que alivia com pingos de chuva fria
Em tempos modernos de versos tão avérneos
Sobre amores comuns, embora ainda ternos
Tal qual fez Tom, não com Helô, mas com Ipanema
Me perdi em meio às curvas do meu próprio tema
E assim, lá se foram trezentos quilômetros de goiás rabiscados nesse poema.


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